segunda-feira, 14 de abril de 2008

Corrupção autarquica

Corrupção autárquica: Estádio do Salgueiros
Os negócios mais estranhos do clube
No final de 2002 o Salgueiros ficou sem estádio e sem dinheiro, depois de ter vendido os terrenos de Vidal Pinheiro à empresa Metro do Porto por oito milhões e 750 mil euros. Um negócio iniciado ainda quando Nuno Cardoso era presidente da Câmara do Porto e fazia parte da administração da Metro SA. Mais: o autarca surge como sócio de uma imobiliária que em 2006 comprou em hasta pública, por três milhões de euros, outro terreno doado pela autarquia ao clube de Paranhos e que deveria ter servido para construir o estádio.
Foi um negócio com contornos estranhos denunciado pelo ex-vereador da Câmara, Paulo Morais, ao Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) e o caso ainda lá continua. Paulo Morais entregou toda a documentação que demonstrava a inflação dos terrenos em dez vezes mais, com base em valores indicativos.
O interesse da Metro manifestou--se dois anos antes, quando os administradores da empresa – um deles Nuno Cardoso – se mostraram interessados em fazer uma estação no local. Para o Salgueiros era um bom negócio. Com o dinheiro o clube poderia construir o novo estádio em Arca d’ Água, nos terrenos cedidos pela Câmara do Porto em 1997 durante a presidência de Fernando Gomes. Na altura Cardoso era vice-presidente e responsável do Urbanismo.
Contas feitas, entre 1997 e 2006 o Sport Comércio e Salgueiros recebeu pouco mais de três milhões dos quase nove milhões. Os outros quatro milhões foram para o empresário Almerindo Rodrigues, que tinha comprado os mesmos terrenos aos anteriores proprietários por um milhão e duzentos mil euros. Este tinha feito uma doação ao clube mas ficou credor do mesmo valor: 400 mil para um banco credor do clube e 800 mil para saldar dívidas à Segurança Social.
CARDOSO ENTROU NO NEGÓCIO
Nuno Cardoso, ex-presidente da Câmara do Porto, e Carlos Abreu, presidente da comissão administrativa do Salgueiros, tornaram-se sócios na sociedade imobiliária Predial III, que se envolveu na comercialização do terreno que foi cedido pela Câmara ao clube de Paranhos. Foi comprado em hasta pública pelos sócios de Nuno Cardoso por três milhões de euros, depois de o primeiro licitador, que oferecia 15 milhões, ter desaparecido. A venda dos terrenos de Arca d’Água foi registada a 10 de Janeiro de 2006 na 8.ª Vara Cível do Porto.
Quem licitou os terrenos de Arca d’Água foi a empresa do presidente da comissão administrativa do Salgueiros, mas um mês antes do negócio se concretizar Carlos Abreu passou as quotas a outro empresário, poucos dias antes de constituir uma nova sociedade imobiliária com Cardoso. Refira-se ainda que a venda em hasta pública foi contestada pela Liga de Clubes, que alegava deter uma hipoteca sobre os terrenos no valor de 650 mil euros. Alegou não ter sido devidamente avisada da venda judicial mas a irregularidade não foi suficiente para invalidar o negócio.
NOTAS
JOSÉ ANTÓNIO LINHARES
José António Linhares era o presidente do Salgueiros à data destes últimos negócios. Geriu o clube durante 17 anos e chegou a barricar-se por não querer abandonar a direcção.
A FALÊNCIA DO CLUBE
Linhares deixou o Salgueiros na falência. Foi condenado na Justiça por vários casos de fuga aos impostos.
TERRENOS APETECÍVEIS
Depois de deixar a Câmara do Porto, Nuno Cardoso aparece como sócio de uma imobiliária que comercializou vários terrenos na cidade do Porto, entre eles os de Arca d’Água, que eram do Salgueiros
O VELHO 'SALGUEIRAL'
O Salgueiros foi um dos mais prestigiados símbolos desportivos da cidade do Porto. Disputou campeonatos nacionais com os grandes clubes e em finais dos anos oitenta entrou nas competições europeias
Manuela teixeira /Tânia Laranjo
in "Correio da Manhã" 12/04/2008

1 comentário:

veado disse...

punheta no cu